Como funciona o volante de um carro de F1?
Conheça em detalhes o grande número de funções disponíveis para os pilotos durante uma corrida de Fórmula 1.
Entrar em um carro de Fórmula 1 e pilotar por circuitos do mundo todo a mais de 300 km/h. Apenas alguns poucos escolhidos têm esse privilégio. Há quem diga que na atualidade não há muito trabalho, já que os carros se encarregam de executar boa parte das funções. Entretanto, basta dar uma olhada no volante de um carro de Fórmula 1 para perceber que nada é tão simples como parece.
Verdadeiros painéis de controle, os volantes dos carros podem reunir mais de 40 funções para serem executadas pelo piloto durante uma corrida. E tudo isso deve ser feito a altíssimas velocidade, enquanto ele presta atenção à pista e aos demais competidores.
Os volantes, bem como a disposição dos botões, variam entre as escuderias. Algumas optam por modelos mais enxutos, apenas com as funções básicas. Já outras preferem dar mais autonomia para o piloto, preenchendo cada espaço disponível com um botão funcional que pode ser ativado durante a corrida.
O Baixaki e o Tecmundo prepararam um infográfico especial para que você entenda melhor quais são e como funcionam as principais ferramentas disponíveis para um piloto durante a corrida. Desde as opções básicas, como mudança de marchas e uso do rádio, até regulagem de torque do motor, entenda por que o trabalho dos pilotos durante uma prova é muito mais complexo do que parece.
Afinal, por que tantos botões?
(Fonte da imagem: F1 Fanatic)
Dê uma boa olhada no controle do PlayStation 3. Repare que, no total, são 17 botões, alguns com mais de uma função, para que você utilize durante um jogo. Raramente isso acontece, mas todos eles estão ali disponíveis. Em jogos de esporte, como futebol ou basquete, é comum ainda a combinação de botões, tornando o seu arsenal de jogadas ainda maior. Agora, imagine se você tivesse que fazer isso enquanto dirige?
De certa forma, é mais ou menos assim que se sente um piloto de Fórmula 1. Não basta prestar atenção à pista, decorar o traçado, ficar de olho nos outros pilotos e ainda forçar ultrapassagens. É preciso prestar atenção no carro, procurando em cada detalhe dele uma maneira de ganhar alguns poucos milésimos de segundo em uma volta.
Além de toda a tecnologia envolvida nos carros, a perícia do piloto e a sua percepção do desempenho do carro na pista são fundamentais. São as decisões dele, com o carro em movimento, que farão com que ele ganhe ou perca alguns segundos a mais, independente das condições que o carro se encontre.
Entendendo cada uma das funções
Como já foi dito, o design e a disposição dos botões em um volante de Fórmula 1 variam entre as escuderias. Há modelos mais “básicos”, com 27 botões, e outros mais complexos, com até 40 botões. A dificuldade é tanta que, no início do ano passado, um grupo de pilotos cogitar solicitar junto à FIA – Federação Internacional de Automobilismo – a limitação no número de funções.
Para montar essa lista, tomamos como base o volante dos carros da equipe Mercedes, já com as configurações para a temporada 2011. Ele é utilizado atualmente pelos pilotos alemães Michael Schumacher, sete vezes campeão mundial na categoria, e Nico Rosberg.
Direção
N – Coloca o carro em ponto morto. Utilizado também para permitir ao piloto selecionar a marcha à ré.
Tyre – O piloto deve girar esse botão para o tipo de pneu correspondente. Quando são selecionados pneus de chuva pesada ou intermediários, a luz auxiliar na traseira do carro é ligada. A circunferência do pneu também é alterada na central eletrônica para assegurar que a velocidade medida é precisa.
Left gear paddle – Diminui uma marcha.
Right gear paddle – Aumenta uma marcha.
Lower levels – Embreagem.
Mecânica e Elétrica
B – Ativa o sistema de recuperação de energia a partir do movimento (KERS).
KRec (dial) – Botão no estilo dial que permite ativar configurações específicas do KERS, como intensidade de força e uso da função.
Oil – Ativa um tanque suplementar de óleo para o motor.
Entry/Prel/Visco (dials) – Modifica a demanda de torque no diferencial conforme o piloto freia antes de uma curva, alivia o pé durante ela ou acelera no término.
MFRS (dial) – Controle central para várias configurações. Usando em conjunto com os botões + e – para modificar outras opções.
BP – Liga a função do sensor localizador do ponto de mudança de marcha (Bite-Point-Finder). O BP ativa a embreagem três vezes até que as rotações do motor caiam, permitindo o ponto de mudança de marcha ser medido automaticamente.
Pedal (dial) – Função de mapeamento de pedal. Permite configurar outras funções a partir da pressão no pedal por um tempo específico.
RPM – Seleção de mapeamento de motor. Os mapeamentos variam de maximum performance,usada por exemplo nas voltas de qualificação, até mapeamentos conservadores usados em voltas de apresentação.
Velocidade
PL – Quando pressionado, evita que o carro ultrapasse de 100 km/h, velocidade máxima no pit.
SC - Quando o safety car está na pista, um tempo de volta de referência (fornecido pela FIA) aparece no painel. O piloto tem que ser mais lento do que esse tempo. Ao pressionar o botão, o tempo de volta de referência é apagado.
Comunicação
Ack/Yes – Quando ativado, confirma que o piloto entendeu as mudanças comunicadas pelo rádio. Também é usado quando o rádio do piloto não está funcionando corretamente para indicar um sim.
Probl/No – Ativado quando um problema é encontrado pela telemetria. Usado também quando o rádio do piloto não está funcionando corretamente para indicar um não.
R – Ativa o rádio e permite ao piloto conversar com os membros da equipe no box.
Box – Usado quando o rádio não funciona para indicar que o piloto está indo para o box.
Aerodinâmica
W – Quando pressionado, a asa traseira móvel fica na posição correspondente à de menor arrasto aerodinâmico possível.
D – Quando pressionado, libera água para o piloto tomar durante a corrida.
Sistema KERS
Entre todos os sistemas eletrônicos e mecânicos utilizados nesta temporada, um dos que mais chama atenção é o KERS – Kinect Energy Recovery System. O sistema de KERS permite utilizar a energia cinética acumulada durante as freadas da volta anterior e transformá-la em uma espécie de “turbo”, aumentando o torque do motor quando o piloto aciona um botão.
Utilizado pela primeira vez na temporada de 2009 de F1, o recurso foi retirado do regulamento na temporada de 2010, num acordo entre as equipes para que ele não fosse aproveitado. Embora acrescente mais força, o KERS representa um peso de 25 kg a mais no veículo. Para a temporada de 2011 o uso é opcional.
O vídeo acima, produzido pela equipe Red Bull, ilustra exatamente como esse mecanismo se aplica em um carro de Fórmula 1. A energia cinética acumulada durante as voltas funciona como uma espécie de turbo para o veículo, podendo fazer a diferença tanto numa reta quanto na largada.
Muito além de um carro moderno
Embora os carros de Fórmula 1 tenham evoluído muito ao longo dos anos, apresentando claramente muito mais recursos hoje do que décadas atrás, nem por isso o diferencial de um piloto ao volante é menos importante do que no passado. Além da perícia para a direção propriamente dita, é necessário ficar atento a uma série de itens mecânicos durante toda a prova.
Concentração e preparo físico são fundamentais. Durante uma prova, dependendo das condições da pista, do carro e do trajeto, um piloto de ponta chega a perder até 2 quilos. Não é a toa que existem apenas 24 vagas para esta que é considerada a categoria de elite do automobilismo mundial.
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